Custo real do eletrodoméstico vai além do preço na etiqueta
25 de novembro de 2019
Loja de eletrodomésticos: comércio é obrigado a informar ausência de assistência técnica na nota fiscal ou no contrato Foto: Eduardo Naddar / 13.03.2013 / Agência O GloboExtra: supermercado faz parte do Grupo Pão de Açúcar, controlado pelo francês Casino Foto: Divulgação
Assinado por: O Globo
Um aparelho com preço menor e qualidade e eficiência duvidosas pode representar um ganho imediato e perdas no longo prazo
RIO - A economia na compra de um novo eletrodoméstico começa na loja e continua nos anos de uso do aparelho. Um produto com preço menor e qualidade e eficiência duvidosas pode representar um ganho imediato, mas, depois, se tornar um ralo no orçamento enquanto o equipamento estiver funcionando. Um barato à vista ou parcelado pode sair caro por meses e anos. Antes de olhar o valor na etiqueta, o consumidor deve observar características, como a eficiência energética, que vão fazer diferença nas contas da família.
O selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) informam sobre a eficiência energética e o consumo de energia de produtos, como televisores, fornos de micro-ondas, condicionadores de ar e máquinas de lavar. O selo do Inmetro atesta também se o equipamento foi avaliado quanto à segurança.
Marcos Borges, chefe da área de regulamentação do instituto, afirma que os consumidores devem exigir que o aparelho tenha selo de conformidade com a marca do Inmetro ou a etiqueta do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que classifica entre A (mais eficiente) a E (menos eficiente) a eficiência energética dos aparelhos. O cuidado deve ser mantido nas compras online.
— Nas compras feitas pela internet, alguns sites deixam de fornecer as informações importantes. Eles são obrigados a prestar as informações do selo (certificado quanto à segurança, por exemplo) e da etiqueta de eficiência energética. Na dúvida sobre um produto, o consumidor pode entrar em contato com o fabricante — alerta Borges.
Clauber Leite, coordenador do programa de energia e sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), diz que, para não ter prejuízos futuros, é importante comprar só após pesquisar e planejar e não cair na tentação de promoções relâmpagos.
— Uma dica importante é não ter pressa para fazer a compra. Uma pessoa que está na dúvida entre um ar-condicionado deve definir primeiro se precisar de um aparelho com 9.500 BTUs ou 12.000 BTUs por exemplo, valor que varia dependendo do tamanho do cômodo a ser resfriado. Depois pode decidir pelo critério da eficiência elétrica porque vai mostrar se a economia no consumo compensa a diferença de preço – ensina Leite, destacando que o mesmo critério deve ser adotado no consumo de água. – Nesse caso, é saber quantos litros de água a máquina consome por ciclo. O aparelho traz essa informação e basta comparar os modelos — completa.
Um item que ainda falta na legislação brasileira é a exigência de informações sobre o tempo útil de cada aparelho. A variante seria mais um indicador relacionado ao custo real dos produtos.
Como ler o selo do Procel
A leitura do selo é simples. Na indicação da eficiência energética, a escala vai de A (mais eficiente) a G (menos eficiente).
Mais abaixo, o selo tem um dado importante para calcular quanto será o gasto do consumidor com o equipamento. É justamente o número em kWh/mês é que indica quanto o aparelho consumirá durante o mês, pelo tempo médio de uso. Para chegar ao consumo mensal em reais do aparelho, basta multiplicar a quantidade de kWh/mês com o valor cobrado pela concessionária de energia. No Rio de Janeiro, a Light e a Enel publicam a informação na conta de luz.
Uma família pode saber quanto cada eletrodoméstico de casa consome. Para calcular o consumo médio de energia (kWh) de um equipamento de acordo com o hábito de uso, deve-se procurar a potência no manual de fabricante. Com esse dado em mãos, deve multiplicá-lo pelo número de horas que o equipamento é utilizado por dia e pela quantidade de dias que fica ligado. O resultado dessa conta deve ser dividido por 1.000. O site do Idec possui uma ferramenta que permite calcular os gastos com o aparelho.
Na tabela elaborada pelo Procel, um computador ligado oito horas todos os dias tem um consumo médio de 15,12 kWh durante o mês, enquanto um refrigerador frost free de duas portas, chega a consumir 56,88 kWh no mesmo período.