Nos meses de inverno, que já se aproximam, o consumo de gás encanado tende a aumentar, uma vez que o preparo de pratos quentes e o uso de aquecedores de água se tornam mais frequentes. Por isso, apesar da redução das tarifas que entrará em vigor em 1º de maio no Estado do Rio, é preciso vigiar os hábitos e evitar excessos no dia a dia para a conta não disparar. Segundo a Naturgy, empresa que controla as distribuidoras CEG e a CEG Rio, a queda tarifária na Região Metropolitana será aproximadamente de 2,5% para o segmento residencial; 3,2% para o comercial; 5,3% a 7% para o industrial e 7,7% para GNV. No interior fluminense, os percentuais médios de diminuição dos valores serão de 3,6% para domicílios; 5,4% para o comércio; 6,5% a 8,5% para indústrias e 8,8% para GNV. O reajuste, decorrente do barateamento da aquisição do gás natural fornecido pela Petrobras, vai beneficiar cerca de um milhão de clientes, segundo a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa).
O controle do consumo de gás se faz necessário principalmente durante o período de isolamento social por causa da Covid-19, em virtude do maior tempo de permanência em casa. Como agora se cozinha mais dentro das residências, ao utilizar o fogão, deve-se abrir o gás dos queimadores só depois de estar com o fósforo ou o acendedor automático em mãos. Limpar as bocas do eletrodoméstico regularmente com água e detergente e colocá-las de volta no lugar apenas quando estiverem secas é um cuidado importante, pois ajuda a manter o bom funcionamento do aparelho e diminui o risco de desperdícios. Chamas amareladas denunciam queimadores sujos ou desregulados, que elevam o gasto de gás. O ideal é que o fogo apresente tom azulado.
Usar panelas de tamanho proporcional à quantidade de alimentos que serão cozidos incrementa a economia: quanto maiores os utensílios de cozinha, mais a comida demorará para aquecer e maior será o consumo de gás. A adequação dos recipientes também deve ser feita em relação às bocas do fogão. De acordo com o pesquisador da Proteste Dino Lameira, para aproveitar ao máximo a potência do eletrodoméstico, as chamas precisam pegar todo o fundo das panelas. Dessa forma, se o queimador for pequeno demais, o calor não alcançará a superfície desejável, o que vai alongar o tempo de cozimento. Por outro lado, se a boca for muito grande, o fogo sairá pelas laterais do recipiente, e o resultado será perda de gás.
— No manual do fogão, a pessoa encontra informações sobre diâmetros ideais de panelas de acordo com a potência das bocas — diz Lameira.
Ingredientes duros, como grãos, podem ficar de molho antes de irem ao fogo para o preparo ser acelerado. Pelo mesmo motivo, sempre que possível, deve-se dar preferência a panelas de pressão. Além disso, líquidos devem ser fervidos com o recipiente fechado, para que o calor seja melhor aproveitado e a temperatura de ebulição, atingida mais rapidamente. Uma vez iniciada a fervura, a chama do fogão deve ser regulada para o mínimo.
— Depois que a água começa a ferver, a temperatura não aumenta. Se a chama permanecer alta, o alimento não vai ficar mais quente. Então, pode-se diminuir o calor — explica o pesquisador da Proteste.
Ainda na cozinha, o consumo de gás pode ser reduzido se o forno for utilizado para assar ou esquentar mais de um alimento de uma só vez. Também poupa o bolso instalar o fogão longe de correntes de ar e ficar atento a vazamentos, que devem ser imediatamente consertados caso ocorram.
No banheiro, as principais precauções que ajudam a economizar são moderar o uso de água quente e reduzir o tempo de permanência sob o chuveiro. A temperatura máxima do aquecedor só deve ser usada em casos muito necessários — quando se faz essa regulagem e se mistura água fria, há desperdício de gás. Sobretudo no inverno, tomar banho nos horários do dia em que a sensação térmica é maior — à tarde, por exemplo — é uma opção para quem quer diminuir os gastos. Além disso, cuidar das manutenções é fundamental: recomenda-se verificar as instalações, no mínimo, a cada dois anos, para eliminar riscos de vazamentos e evitar problemas que possam onerar a conta de gás.
Na casa do analista de sistemas Gilberto Carneiro, de 51 anos, banhos quentes são raros. Na maioria dos dias, já é costume utilizar água fria, conta o "caçador de ofertas" do "Qual oferta", plataforma dos jornais EXTRA, O Globo e Expresso que reúne, no impresso e no digital, as melhores promoções de supermercados, drogarias e lojas de departamento de Rio e Grande Rio.
— Fazer economia requer mudança de hábitos, o que significa alterar a rotina e o conforto do consumidor. É preciso ter disciplina, foco e planejamento — afirma Dino Lameira.
Segundo o pesquisador da Proteste, embora a parte comportamental pese mais no controle do consumo, tudo deve começar pela escolha de equipamentos — no caso, fogões e aquecedores — eficientes. Na hora da compra, vale observar com atenção a etiqueta do Inmetro afixada no produto. Outro cuidado essencial é fazer um dimensionamento correto para que a capacidade do eletrodoméstico não seja maior nem menor do que as necessidades de uso.