Economizar até na hora de investir: veja dicas para escolher aplicações financeiras
16 de outubro de 2020
Assinado por: O Globo
Taxas de administração podem corroer o ganho
Colocar dinheiro em aplicações financeiras não é só ganhar, já que a operação tem um custo, representado pela cobrança de taxas ao investidor. Por isso, até na hora de investir, é preciso ficar atento para economizar. De acordo com a administradora Fernanda Finotti Cordeiro, professora de Finanças da Faculdade de Economia e da pós-graduação em Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ao considerar algum investimento, deve-se observar o que ele oferece de rentabilidade líquida, percentual que mostra o ganho real, já com o desconto das taxas de administração.
Em geral, fundos mais agressivos, que oferecem rendimentos maiores, implicam o pagamento de taxas de administração mais altas. Em alguns casos, ainda é cobrada a taxa de performance. Funciona da seguinte maneira: o fundo tem uma meta de rentabilidade e, toda vez que ela é ultrapassada, é feita uma cobrança adicional sobre os ganhos excedentes. Já os fundos com rendimentos menores tendem a ter taxas de administração mais baixas.
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— Vamos supor que um fundo tenha taxa de administração de 0,5% e rendimento de 4,5%. Outro rendeu 8%, com taxa de 2%. Quando olhamos a rentabilidade líquida, a primeira é de 4%, e a segunda, de 6% — diz Fernanda, ressaltando a importância de se analisar o todo antes de decidir por uma ou outra aplicação.
Segundo a professora da UFJF, para garantir ganhos maiores, o investidor deve pesquisar bastante sobre o universo financeiro e não se restringir aos grandes bancos.
— Se a pessoa quer achar bons produtos, com taxas de rentabilidade líquida maiores, ela precisa procurar corretoras, distribuidoras, assessorias de investimento e agentes autônomos. O risco é igual ao das operações realizadas por intermédio dos grandes bancos, porque tudo é fiscalizado pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além disso, o dinheiro só passa pela instituição. Ele não fica ali, ele vai imediatamente para o produto financeiro, que é o mesmo no qual os bancos investem — afirma.
Com fundos de previdência privada, é necessário ter atenção redobrada, pois alguns apresentam taxa de administração alta e rendimento não tão alto. Às vezes, ainda é cobrada a taxa de carregamento — uma espécie de adicional pela prestação do serviço —, o que reduz ainda mais a rentabilidade líquida. De acordo com Fernanda Finotti Cordeiro, fundos de previdência com ganhos reais de 5% a 6% ao ano são opções ruins, que devem ser descartadas. Já aqueles com rentabilidade líquida anual de 14% podem ser considerados.
A economia nos investimentos também passa pelo pagamento do Imposto de Renda. Com algumas exceções — a exemplo da Letra de Crédito Imobiliário (LCI), da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e determinadas debêntures —, há incidência de IR sobre as aplicações financeiras, com alíquota mínima de 15%. A taxa de rentabilidade líquida não leva em conta essa despesa, frisa a professora da UFJF. Nos planos de previdência do tipo PGBL, é possível abater até 12% dos rendimentos tributáveis na declaração do imposto.
— Um investidor qualificado é aquele que tem mais acesso à informação. É importante fazer um planejamento e não concentrar os investimentos em uma aplicação só — recomenda a administradora.
A jornalista Silvania Liberman, de 56 anos, começou investindo apenas no Tesouro Direto. Com muito estudo, ela foi se familiarizando com o universo financeiro aos poucos e, hoje, conseguiu ampliar seus ganhos com uma carteira variada: além de dinheiro aplicado no Tesouro, ela investe em CDB e CDI.
— Não existe fórmula secreta: a pessoa precisa se dedicar para entender como é a performance do fundo. Uma vez por semana, eu faço o acompanhamento, anotando em uma planilha qual foi o rendimento de cada aplicação. Ainda estou em processo de aprendizado, mas fico atenta. E quero diversificar mais meus investimentos. Afinal, é meu dinheiro que está em jogo — conta Silvania.